28/04/2005

A pelúcia – candidata a um lugar na história política portuguesa

Pela primeira vez na história da humanidade, o candidato a presidente de uma conhecida autarquia nortenha será um pequeno gato de pelúcia.

O gato em questão, um peluche cinzento listado que responde pelo nome de Erlander, não é o primeiro ser inanimado a candidatar-se a um lugar ao sol na vida política - há já vários exemplos de seres não vivos que, com relativa glória, fazem parte da política nacional - mas tem a particularidade de ter uma grande experiência em lugares ao sol, visto que um dos passatempos preferidos deste nosso comparsa felino é, justamente, estar ao sol.

Esta escolha política arrojada foi fortemente motivada pelo consenso geral suscitado pelo gato, considerado pelos seus pares como “fôfinho”, “ternurento” e “sagazmente estóico”. O facto de ele não ser capaz de falar também contribuiu para a opção, uma vez que pela boca, nunca morreu um gato.

É, pois, a derradeira tentativa de reaproximar o povo dos políticos e promover mesmo o contacto físico pacífico com a classe – quem nunca tenha tido vontade de fazer festinhas a um gato, que se acuse!

27/04/2005

Sentidos desligáveis

Regra geral, odeio ouvir as conversas telefónicas dos outros - especialmente aquelas de chacha e de combinações que só interessam a quem está envolvido e a quem vai. Odeio ainda mais quando as pessoas presumem que estou realmente a prestar atenção e que sequer me interesso pelo que estão a dizer. Odeio profundamente quando dialogam comigo presumindo que ouvi tudo. Odeio totalmente quando ouvem as minhas conversas e utilizam informações ou frases que porventura ouviram para fazer comentários.

Mas o que mais odeio é ter de estar a trabalhar (mais especificamente: a tentar redigir um manual dum simpático veículo utilitário de uma reconhecida marca de motas que começa por K e acaba em I) e a ouvir telefonemas sem fim.

Há sentidos que se deviam poder desligar de vez em quando.

23/04/2005

31 anos de 25 de Abril


Liberdade - Vieira da Silva
O 25 de Abril faz 31 anos esta segunda-feira.

Não conheci o mundo antes do 25 de Abril.

Viva a liberdade.

Centro de documentação 25 de Abril – Universidade de Coimbra (especialmente interessante o Arquivo Electrónico da Democracia Portuguesa)

21/04/2005

Onde nós acabamos e os outros começam

Uma fronteira indefinida e talvez indefinível, a primeira das nossas liberdades limitadas: assim como só podemos ocupar o espaço físico que ninguém está já a ocupar, acabamos onde começam os outros.

E aí nasce a palavra ou o erro que invade o espaço alheio.

O direito adquirido de falar une ou separa?
Falar, falar sempre e invadir espaços, é o que vos sugiro hoje.

20/04/2005

Extra, extra!

Insurgindo-se contra a letargia criadora que nos tem assolado nos últimos tempos, foi hoje apresentado ao mundo em geral o novo engenho Arrumatrício, um potente dispositivo de arrumação que, começando por provocar a desarrumação apocalíptica numa qualquer sala, arruma tudo posteriormente e organiza todo um novo esquema decorativo de inspiração marcadamente feng shui (ler /fónh chui/, professora de chinês dixit) com ligeiros laivos étnicos do Burkina Faso.

Inspirado na dinâmica de arrumação desorganizadora a que todos nos sujeitamos no dia-a-dia e na milenar filosofia hindu que teoriza a destruição criadora, o Arrumatrício facilita a tarefa e faz com que não nos tenhamos de preocupar em desarrumar para depois arrumar, permitindo-nos aproveitar as coisas realmente boas e belas da vida, como por exemplo tudo o que envolva chocolate, queijo e até morango, para os mais destemidos. Uma novidade que vem mesmo a calhar.

17/04/2005

O ambiente explosivo das confeitarias ao Domingo

Ao Domingo, quando todos decidimos que o nosso lanche deve ser preparado por mãos alheias e nos dirigimos a uma confeitaria/café, o ambiente é de tensão explosiva – muito devido às nossas costumeiras filas.

Nas filas de espera, existem três espécimes: o espertinho, o sostro e o bitaites. O primeiro deles é o que quer sempre furar a fila e passar à frente de todos os sostros que o deixarem, lanchando logo na fila ao comer os outros por parvos. O sostro é aquele que ou deixa passar o espertinho, calando e comendo (lanchando logo na fila, mais uma vez), ou demonstra a sua insatisfação, mas com uma boca tão insignificante que ninguém repara e o espertinho leva a sua avante. Já o bitaites, é o eterno insatisfeito, aquele que só espera por um momento de glória para poder mandar a sua boca brutal e comer os outros todos de cebolada. Tudo gira à volta da comida, portanto.

As distintas combinações de espertinho/sostro/bitaites podem levar a diferentes ambientes, todos de maior ou menor tensão:

::Sostro+espertinho=tensão moderada, mas facilmente ultrapassável. ::Espertinho+bitaites=pequena rixa popular na confeitaria.
::Sostro+espertinho+bitaites=motim total, conduzindo ao caos espectacular e apocalíptico que inclui napoleões a esvoaçar pelos céus da confeitaria.

A confeitaria/pão quente é o maior campo de batalha de todos os tempos. Um simples lanche, amigos, um lanche, esse sim, irá desencadear uma tal espiral de violência que só poderá culminar na terceira guerra mundial. E era só mais um Domingo à tarde...

15/04/2005

Baixinhos, uni-vos!

Rejubilei, amigos, rejubilei. Nada mais, nada menos do que com o novo vídeo da Kylie, essa jovem que consegue ser uma gigante da música com apenas 1,54 m e ter o aspecto fabuloso dos 20 e tais aos 37.

Todos sabemos o indisfarçável: a senhora e seus produtores esforçam-se, e bem, por não fazer notar a sua estatura, em todos os vídeos. Mas neste, destrói-se o glamour dos baixinhos assumindo precisamente o recalcamento de ser baixinho, transformando a pequena Kylie numa gigantone. Mais valia continuar só a disfarçar...agora, a causa dos baixinhos está irremediavelmente perdida!

O novo vídeo da Kylie, para quem ainda não viu
Site Short Support: o apoio que faltava às pessoas baixinhas

Bocas!



Eis mais uma banda desenhada da infância de alguns (1987/1989), o fantástico Bocas!

Fiquem sabendo que "Geragera Boes Monogatari" era o nome original da série japonesa; em Inglês, "Story of the Chuckling Boes" ou "Ox Tales". Em Neerlandês, língua na qual ouvíamos a música, a série chamava-se "Boes" (daí o Boes, Boes da cançãozinha! Hoje finalmente percebi o que cantava em altos berros :) Também aprendi que em Itália, o nosso Bocas era o Álvaro e a série era o "Fantazoo".

Bem, o Bocas era realmente um grande boi – expressão esta que deve ter começado por ser inofensiva no período Bocas, para hoje se tornar ligeiramente insultuosa – seria o lobby machão dos oitentas que não gostaria de ver o másculo Bocas a estender roupa, a cozinhar, a fazer a lida da casa?

Mas quem esquece o macacão vermelho e os tamancos flamengos? Que pérola.

13/04/2005

Quando eu for grande...

Porque é que raramente nos tornamos naquilo que queríamos ser quando éramos pequenos? O meu primeiro dilema profissional foi no 5º ano, nas aulas de Inglês. Quando a professora perguntou o que queríamos ser, eu tinha de escolher uma profissão: era urgente carimbar o meu futuro com um rótulo.

Após alguns anos de infância a pensar que escolheria uma das profissões dos meus pais e a elaborar uma extensa lista de alternativas prioritárias, decidi enveredar por uma escolha autónoma e exterior à lista...que foi...querer ser hospedeira de avião (“air hostess”, aprendi eu, orgulhosamente, na aula de Inglês!).

Não sou hospedeira de avião.

Hoje, a filha de uma das colaboradoras da empresa onde trabalho (que tem 5 anos), depois de elogiar veementemente uma pulseira florida toda giraça que eu tenho ;) perguntou-me: “Sabes o que quero aprender a ser quando for grande?”

E eu, debatendo-me algures num texto que envolve patilhas e tinteiros e cópias, perguntei, “então diz-me lá”.

E ela, da altura dos seus 5 anos, diz muito, muito alto: “Ca-be-lei-rei-ra! E costureira!”

O drama da indecisão. Mas ainda lhe falta muito :)

12/04/2005

O cocas (mas não, não é esse, é o outro)

O cocas: esse extraordinário brinquedo esquecido desde a nossa infância. Ao contrário de outras complicadas engenhocas infantis, basta um pedaço de papel dobrado de acordo com uma fórmula ultra-secreta, algumas cores para colorir os cantos e alguma imaginação para as palavras do interior (entre as quais estavam sempre presentes os hoje-inofensivos termos “burro” ou o invejável “simpático”, “sim” e “não” no caso dos cocas de adivinhação, etc.). Depois, é só pedir um número – e numa questão de segundos, o omnipotente cocas dirá de seu juizo qual é o nosso carácter, quais são os nossos sentimentos por alguém, etc. Existe ainda a possibilidade de lhe fazermos perguntas, e os seus dotes de vidente também o afirmaram como entretenimento da pequenada.

Quem nunca delirou com as capacidades analíticas de carácter do cocas? A bajulação, o gozo, a humilhação! Quem nunca ficou furibundo por ser chamado de burro por um simples papel dobrado que se move vertiginosamente ao sabor do movimento dos dedos? Quem nunca tentou pedir um número impossível de contar?

Quem é que ainda consegue fazer um cocas? ;)

09/04/2005

Tenho uma teoria...

...neste momento, existem alimentos ricos em todas as vitaminas, todos os minerais, que têm tudo o que precisamos. Acabada de beber um Adagio Simbiótico de morango e melancia, sinto que se comesse uma poderosa fatia do todo-poderoso pão-de-forma enriquecido com 15 vitaminas e ferro energético, nada me deteria. Se acrescentasse uma manteiga extra-light anti-colesterol, a meta era o universo. O caminho? Vamos tornar-nos imparáveis.

A minha teoria é que ingerindo este tipo de alimentos hiper-ricos em tudo, nem sequer precisamos de almoçar nem jantar, tornamo-nos invencíveis com este precioso auxílio químico - entupidos de L Casei Imunitass, "bifidus", vitaminas, minerais, anti-colesteroleicos, oxigénio activo, soja enriquecida, enzimas probióticas activas, sentimos que tudo está ao alcance de uma embalagem colorida. Agora só falta um iogurte/pão/... que contenha alegria, humor, boa-disposição para tudo ser perfeito.

Será que o elixir da juventude já existe, disfarçado numa das embalagens?...

Bom fim-de-semana, enriquecido com sol e bom-humor :)

07/04/2005

Ideias brilhantes postas em prática (para variar)



O chocolate com bolhinhas de ar é seguramente uma das melhores invenções chocoláticas de todos os tempos, mas acho melhor não pensarmos demasiado na forma como algum pioneiro mestre chocolateiro poderá ter desenvolvido o conceito! Ter-se-á inspirado no famoso queijo esburacado? Seria alguém sem escrúpulos e ávido de lucro? Ou terá injectado o ar no chocolate utilizando vias menos ortodoxas? Medo...

De qualquer forma, foi uma grande ideia. Inspirada pelas bolhinhas de chocolate ausente do Dairy Milk Bubbly, decidi elaborar o meu top* achocolatado pessoal:

1. Míticos e extintos guarda-chuvinhas da Regina
2. Chocolates da
Thorntons (Buáaaa não há cá!!)
3. Chocolate para o leite da Suchard Express
4. O novo e delicioso
Bubbly da Cadbury
5. Todos os outros

*Top sujeito a alterações inesperadas sem aviso prévio.

Godiva chocolatier: Secção de receitas bastante sugestiva, incluindo fabulosos cheesecakes de chocolate ;)
Chocolate Cuisine: Mais receitas com chocolate, incluindo de aperitivos e entradas!

06/04/2005

:)


:)
Originally uploaded by izzolda.

05/04/2005

XIC anuncia inovador canal para o Castêlo da Maia*

Dando continuação a um ambicioso plano de lançamento de canais regionais, o prestigiado grupo XIC apresentou o novo XIC CM, o canal XIC Castêlo da Maia.

De acordo com o director de marketing do canal, esta aposta regional era “necessária e urgente”, uma vez que “os vastos milhares de habitantes do Castêlo da Maia já mereciam um canal como este”.

A grelha do XIC CM aposta nos programas de ficção, dos quais se destaca a famosa série “CSI - Castêlo da Maia”. “Os milheirais do Castêlo são um cenário de rara beleza e intriga”, afirma o realizador da série, que admite também estar “deslumbrado com o potencial da vila enquanto pólo de atracção turística” e já tratou de adquirir uma quinta de 476 hectares na região.

A informação será outro prato forte do canal, salientando-se os boletins agrícolas e apícolas horários, que irão ser determinantes para a afirmação da projecção internacional da região como poderoso motor do desenvolvimento nortenho.

Entre os habitantes, a expectativa é grande. D. Maria, uma anciã de 87 anos, confessa: “Estou cansada de andar nos milheirais, agora quero é ver televisão.”

*obviamente, esta notícia é fictícia de tão ridícula.

04/04/2005

Sentimentos ou a ausência deles ou a verdade

Segunda-feira cinzenta. As pálpebras teimam em não abrir ao som do rádio-despertador. A minha alma também caiu como um vaso vazio ao ouvir o segundo rádio-despertador (sim, uso dois, o segundo canta-me para dizer que já devia estar a pé!), atraso iminente. Sinto as pinturas e as limpezas do fim-de-semana na pele com o sentimento do dever cumprido (bom dia, Cátia!). Escadas, água, água, água, roupa, brrrrrr do secador, iogurte líquido, chaves, corrida, carro, algum trânsito, cheguei.

Não me apeteceu contar-vos uma mentira de 1 de Abril, por isso conto a mais pura verdade do meu dia 4. Mentiras, ouvimo-las e contamo-las todos os dias, porquê glorificá-las num dia especial?


Boa semana :)