Perguntam-me muitas, tantas, inúmeras vezes se estou a gostar de estar em Lisboa. Sim, é sempre a minha resposta, sem quaisquer dúvidas; a minha capacidade para suportar uma mudança para uma cidade que não é a minha surpreendeu-me e surpreende-me, mas a cada dia que passa, sei que posso e acho que consigo estar bem em qualquer lugar, desde que esteja predisposta a isso. E isso mesmo dá-me uma serenidade imensa. Coisas de que gosto e coisas de que não gosto, há-as em todas as (poucas) cidades onde vivi; apego-me às coisas de que gosto e convivo com as outras o melhor possível. E na realidade, não conseguiria estar muito tempo num sítio de que não gostasse minimamente. Não conseguiria não ir embora se achasse que era isso que devia fazer.
Isto a propósito de pessoas que vivem numa cidade, mas que juram a pés juntos, todos os santos dias, que a detestam, abominam, que odeiam as pessoas que a habitam; quando elas próprias fazem parte dessa cidade, para o bem e para o mal. E não são as cidades feitas de pessoas?
A conclusão a tirar não é nenhuma em especial. Eu, quando estiver mal, mudo-me. Ou tento ficar bem de alguma forma. E este é provavelmente um dispositivo de segurança que mais gente se devia habituar a usar.
*A poucos dias de se completar um ano após a minha mudança para território mais a Sul.