16/10/2008

Das pessoas: o Sr. Inácio

Para além de ter uma loja com um nome que já não existe, cuja placa tem um número de telefone com muito menos dígitos do que os actuais, o Sr. Inácio aqui da rua tem uma voz que não devia existir. Daquelas vozes que não se associam à cara de ninguém, porque são tão descabidas que se pensa que não existem, muito menos num dos vizinhos do lado. Para além disso, a voz do senhor é uma voz que não existe, bastante irritante e com requintes maléficos de cana rachada ambulante. O senhor até é simpático, coitado, mas tremo só de pensar que vou passar por ele e vou ter de lhe dizer bom dia ou boa tarde (sim, vou ter de dizer, porque sou daquelas pessoas irritantes que cumprimentam tudo e todos à moda antiga *e* que esperam uma resposta), e ele vai responder com aquela voz que não existe e que nunca ninguém, jamais, em tempo algum associaria à cara do dono.

1 comentário:

fee disse...

Em relação a vozes, o que me acontece muito é isto mas ao contrário. É tentar imaginar a pessoa física através da voz numa conversa telefónica. Se os interlocutores são altos, baixos, gordos, magros, simpáticos, ou not really. Mas é um exercício deveras criativo:)
(Obrigada pela visita)!!