30/06/2009

Faltam 12 dias e tenho saudades...

...dos tempos em que celebrar os anos era ir a uma das melhores gelatarias do planeta terra e comer a minha taça preferida. Das batatas fritas das festas em casa, que demoravam horas e horas a preparar (e melhor, eu não podia sequer aproximar-me). Dos familiares e amigos todos que iam às festas, tantos que nunca mais vi, alguns que não poderei ver nunca mais. De muitas prendas. De encher agendas com coisas inúteis. De ter tempo para tudo e mais alguma coisa no dia dos anos. De ter uma roupa especial para aquele dia com uma cor berrante e um formato estranho (ah, os doces oitentas!). De querer que o dia nunca mais acabasse, e isto não necessariamente apenas o dos anos. Faltam 12 dias.

18/06/2009

Percursos

Saio de casa, viro à esquerda, cumprimento o Sr. Inácio que está sempre a falar com alguém na rua a essa hora, atravesso e viro à direita, subo, subo, subo, olho para as motas estacionadas a ver se alguma me agrada, se houver uma vermelha penso que é bonita, observo o senhor gordinho que está sempre a ler o jornal no carro e pergunto-me sempre por que motivo lá estará, passo no café de esquina que fecha e que nunca tem ninguém embora exiba muitos bolos, subo, subo, passo nas lojas a que não compreendo que alguém vá, vejo os senhores da loja ajentejana que estão sempre a conversar cá fora com os senhores da loja de vimes, olho para o andar de cima do prédio de esquina que está para venda há meses, páro à espera da ordem de atravessar, boa tarde, e sigo em frente, vejo os preços demasiado caros dos restaurantes que aspiram a finos, passo o ginásio só para mulheres, viro à direita onde encontro a rua com nome de substância de mar, que está semi-abandonada, onde tudo está semi-abandonado ou à venda ou a cair, passo o restaurante que cheira sempre bem, cruzo-me com os funcionários das instituições que por ali estão, sigo, sigo, passo a loja de café que gostava de encontrar aberta e os polícias da embaixada, viro à esquerda, entro, aliviada, nas escadas da casa antiga e penso que há poucas coisas tão refrescantes como as escadas, subo, subo, entro, digo boa tarde que é um fixe mais dois toques de mão aberta com dedos juntos do lado direito da cara, palma voltada para a frente. e entro no mundo do silêncio.

03/06/2009

A mala mais mal feita do mundo

Tenho algum cuidado, não excessivo nem obsessivo, com o que levo nas malas de viagem. Gosto de ir prevenida, mas sem exageros, e tenho conseguido sempre levar malas relativamente bem feitas. Sim, também levo sempre coisas a mais, mas os limites da aviação comercial são um bom calmante para o entusiasmo de fazer a mala com tudo o que vem à rede. No entanto, desta vez...desta vez, eu acho que consegui, sem sequer me esforçar, fazer a pior mala de sempre; levei roupa e calçado totalmente desadequados; esqueci-me de coisas essenciais; levei outras que não fizeram falta rigorosamente nenhuma, porque mais de metade do que levei na mala foi inútil para a viagem. Depois, penei ao precisar do que não tinha, sofri com o calor (mesmo que inesperado), tive de comprar coisas totalmente desnecessárias. Posso dizer com toda a segurança que na mala que fiz, quase tudo estava mal.

No final disto tudo, consegui ter umas das melhores férias de toda a minha vida. A verdadeira prova de que as circunstâncias podem ser, realmente, tão secundárias, tão ultrapassáveis. Neste caso concreto, com direito a várias ultrapassagens, legais, pela direita. E esta?