31/03/2011

Do próprio veneno

"Temos de marcar qualquer coisa" é uma das frases que mais odeio, porque significa na verdade: "sim, era ideal que alguém marcasse alguma coisa eventualmente, mas eu não hei-de ser, nem que chovam canivetes, lagartos, portanto basicamente vemo-nos por aí ou então marca tu para eu poder arranjar 478 desculpas diferentes para não poder ir". 


Já perdi a conta às vezes que ouvi esta frase e já perdi ainda mais a conta às pessoas que a disseram. Também sou um pouco preguiçosa, sim, mas com quem eu quero estar, eu estou e sim, muitas vezes sou eu mesma a marcar o que quer que seja. Até há pouco tempo, esforçava-me até demasiado ao querer incluir as pessoas e a desesperar quando nunca conseguia que viessem. Para o ano novo, uma das minhas resoluções foi tentar deixar de me preocupar tanto e procurar aproveitar mais o que surgisse sem me preocupar com o que nunca se consegue que aconteça; mesmo que isso significasse não tomar tantas iniciativas que têm 90% de probabilidade de falhar. Pois bem, isto tem resultado largamente, mas tem um enorme contra: é que aquelas pessoas com quem estava porque era eu a marcar coisas, nunca mais as vi. A coisa chega ao ponto de ver alguém que mora aqui ao lado duas vezes em seis meses (tal como previa, não houve uma única tentativa de marcar o que quer que fosse da outra parte). Mesmo assim, o balanço é positivo e prova que quem quer mesmo estar connosco, está, apesar de tudo - do pouco tempo, do trabalho, de ter de regar as plantas, de estar cansado, de ter uma dor que se lhe arrepanha aquela zona toda, do mau tempo. Está, e pronto.

1 comentário:

Unknown disse...

Quem quer estar, está sempre, apesar de às vezes haver outras coisas. Eu concordo a 100% contigo e só acho que devias ter tomado essa decisão mais cedo. (olha quem fala, não é?) Se as pessoas têm as vidas demasiado ocupadas que nunca cá para combinar nada, é porque se calhar até não vale assim tanto a pena o tempo que passamos com elas...
Beijinhos*