27/02/2018

Dos flagelos insignificantes

É mais fácil falar dos flagelos importantes. Aos mais insignificantes e ridículos, ninguém liga. 

Há os flagelos insignificantes de categoria ligeiramente alarmante: as meias com buracos. As meias que desaparecem para sempre na máquina, deixando viúvas as suas comparsas do outro pé. Aquele frasco que não conseguimos abrir, apesar da nossa grande dedicação no ginásio, e que contém um ingrediente de que precisamos . Aquele dedo do pé que está esmagado dentro do sapato, que aguarda a misericórdia quando finalmente calçamos os chinelos. Aquelas sandálias lindinhas que queremos muito usar, mas que transformam os nossos pés numa batalha sanguinária. Aquelas calças tão cómodas que deixam de nos servir. O bolor no queijo, apesar de todos os nossos esforços para o conservar de modo espectacular. O fim das nossas bolachas favoritas quando já não há nada aberto à face da terra. São muitos flagelos, todos bastante irrelevantes, mas que podem atazanar-nos e até destruir um dia (estou a olhar para vocês, sandálias da flor: odeio-vos).

E depois, há os flagelos mesmo insignificantes; os que nem merecem desprezo, de tão completamente esquecíveis. Aqueles que teimamos em ignorar, mas que quando nos lembramos deles, nos tiram do sério. Questionamo-nos o porquê de existirem, mas felizmente, poucas vezes nos lembramos deles. E sim, quase todos temos um ou vários destes flagelos de estimação, que odiamos com todas as forças, e que basta aparecerem no nosso dia para surgir também uma ira inexplicável; de repente, não odiamos mais nada e este flagelo insignificante é o menino-dos-nossos-olhos, sobre o qual vamos destilar todo o veneno.

O meu... são as delícias do mar. Detesto tudo nas delícias do mar: são profundamente mentirosas, porque de delícia não têm nada. Detesto as cores e o formato, porque só me lembram coisas artificiais. Detesto o facto de existirem e alguém achar boa ideia pô-las em paté, que é só uma das primeiras coisas que queremos atacar ao ter um ataque violento de fome num qualquer restaurante. Pronto. Agora que já partilhei isto com o mundo, digam-me lá, qual é o vosso flagelo insignificante de estimação? :)

1 comentário:

Supimpona disse...

Ahahah.....eu acho que tenho vários flagelos bastante insignificantes! Estou a lembrar-me agora de um ao nível dos alimentos: a torta de ovo do Continente. Só calorias. Não faz bem a ninguém. Mas quando está em promoção (como se menos 0,70€ valesse muita coisa), quase nunca consigo resistir em deixá-la na prateleira. Depois ainda piora. Chego a casa e fico na esperança de só comer 1/4 da torta, porque entretanto o marido também tira e, com jeitinho, dou uma fatia de sobremesa aos miúdos. Tiro a primeira fatia. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A. Tenho sempre que tirar mais duas a seguir. E, quando dou por mim, não há torta e só passaram 2 dias. Acho que o meu marido nem conseguiu perceber que tivemos uma torta de ovo em casa!!!!!!!