30/11/2018

Caro mundo, eu admito que nunca vou ser minimalista

Eu tenho até alguma pena, mas claramente não fui talhada para o minimalismo. Agrada-me a simplicidade e a descomplicação, gosto de espaços arejados e sem tralha; gosto de agilizar decisões; o projecto mental tinha tudo para ser um grande sucesso.

Sempre que me convenço que tenho de destralhar, após aí uns 70 dias (com sorte) que dividem a decisão e a colocação em práctica (não perguntem, sou pessoa que demora a passar à acção), passados 3,5 minutos de afinco, viro saudosista inveterada: "oh, mas este boneco deu-me a X no Natal", "esta fotografia não está nada de especial, mas lembra-me um bom dia", "esta rolha foi da passagem de ano do milénio", "se calhar ainda vou usar estes sapatos", "este sapo de pelúcia é tão fofinho". Sim, é sagrado: quando tento entusiasmar a costela desapegadora com argumentos racionais imbatíveis, acabo por fracassar a tentar.

Resolvi tentar ficar em paz com isso; é que de facto, eu não tenho de ser minimalista. Eu posso gostar de coisas, pelo menos enquanto isso não for preocupante e tiver divisões cheias de sacos ou pelúcias. Não faz mal ter lembranças do passado, porque também fazem sentido para sermos aquilo que somos e dão-nos alento, fazem-nos pertencer a sítios e a pessoas. Sim, eu tenho alguma tralha e admito; mas acho que o mundo não fica assim tão menos agradável por causa disso. Portanto, #praticaoapego.

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