Após anos e anos de logro e errância, é finalmente reposta a surpreendente verdade, que escapou casualmente dos lábios do seu portador, um senhor de meia idade, residente e trabalhador em Ponte de Lima – cidade que inscreve, assim, o seu nome na história da alimentação em geral e do vegetarianismo em particular.
A revelação é demolidora: uma das refeições rápidas mais antigas do planeta terra, o atum, é na realidade um vegetal. Carne do mar? Qual quê! Bróculo das ondas, couve-flor surfista, vegetal galopante, serão estes os novos epítetos deste recém-aclamado ser clorofílico verde. Após a determinação científica precisa da sua categoria - tubérculo, leguminosa, rebento, etc. – o atum será incluído na nova edição da roda da alimentação, revista e ampliada (o errortografico está em condições de avançar desde já com as informações exclusivas de que a roda conterá agora as novas categorias gomas e lápis de cor, sendo que o lápis azul escuro é considerado o mais nutritivo).
Rejubilem, companheiros vegetarianos, afinal há salvação possível. Há sempre o atum.
Sim, amei Barcelona e vou adorar voltar muitas e muitas vezes. Não, não esteve mau tempo e só choveu um dia (Catalunha não é *só* Barcelona :) E claro que sim, recomendo vivamente! De preferência, com tempo para poder parar e ver a cidade em movimento e absorver o mais possível e beber uma horchata fresquíssima (que desgosto não poder trazer um carregamento, será que alguma vez vou encontrar disto à venda por terras lusas?!). Vi muita coisa e tudo o que queria ver por enquanto, mas fiquei com muito por ver para poder voltar ;)
Faltam poucos minutos para o fim cronológico das férias. Relembro-me que não vale a pena ficar triste e que as saudades são só do que há-de vir e que muito do que eu gosto e as pessoas de quem eu gosto estão aqui e isso é o que interessa.
Depois de sabermos o que são as férias grandes, meses e meses de lazer e preguicite aguda, madrugadas e manhãs em frente à TV a ver bonecada ou a esperar por ela (ou era só eu que gramava o 70 x 7 e o TV rural à espera dos desenhos animados porque me levantava cedo demais?!), praia, lanches na avó com doces cheios de açúcar proibidos pelos pais, longos passeios de triciclo ou bicicleta, sopas carinhosamente “confeccionadas” com as hidranjas do jardim no quintal da avó, recortes de papel que ganham vida social e familiar, brincadeiras com os irmãos (ou irmã, no meu caso :) e primos e vizinhos e o cão, compras de material escolar novinho em folha e livros a cheirar a papel fresco, não há férias que nos encham as medidas como essas*.
Quem trabalha, tem de se contentar com uns míseros 20 e poucos dias de férias (que raramente podem ser seguidos).
Ora eu acho isso muito e muito injusto.
Um dos consolos das férias quando já se trabalha é que não há trabalhos de casa para fazer a correr antes de começarem as aulas!
Mesmo assim, vivam as férias. Este blog fica mais ou menos em banho-maria (ainda lhe dou umas espreitadelas enquanto estiver por aqui, antes e depois de Barcelona) até ao regresso ao trabalho *GRUNF!*, lá para o final de Agosto.
Até lá, óptimas férias para quem vai e óptimo trabalho para quem fica!
"Fogo consumiu 130 hectares entre Coimbra e Pombal e provocou o corte da A1. Suspeito foi libertado O indivíduo que no passado sábado terá alegadamente ateado o incêndio que destruiu uma vasta área florestal, entre Soure e Pombal, provocando mesmo o corte da A1, foi detido pelos investigadores da Directoria de Coimbra da Polícia Judiciária (PJ). Trata-se de um estucador, de 29 anos, residente em Condeixa-a-Nova, que assumiu imediatamente a autoria do incêndio. Garantiu ter sido a primeira vez que ateou um fogo e explicou tê-lo feito apenas por divertimento. As chamas deflagraram em Roulhão (Soure) e o homem, que não tinha antecedentes criminais, terá usado um isqueiro."
Divertimento? Di-ver-ti-men-to?! Alguém me belisque, sff.
O nosso coração de tuguinhas palpita por uma boa borla ou um bom brinde. Ficamos com suores frios só de pensar que há uma borla ou um brinde e não estamos lá, arrepiamo-nos ao pensar que as pálas para o sol que nunca, mas nunca iremos utilizar podem acabar antes de termos uma.
É ver quem anda a distribuir coisas de borla (profissão de risco!) andar com um enxame de pessoal a acotovelar-se, a correr perigo de vida para obter um belo boné amarelo que diz "Transportes Joaquim e Manel Lda" ou "Cabeleireiros Nani", ou então aquela esferográfica que vai ficar mesmo a matar na nossa colecção de mais de 478 canetas e lápis variados.
No Verão, assistimos à proliferação de brindes distribuídos com iogurtes, gelados, bolachas, cereais, vinho, etc. Diz-nos simpaticamente a pessoa das promoções “se levar só uma embalagem de gelado, não leva nada, mas se levar 4 já recebe uma bonita e útil colher. Se levar 32 embalagens, leva uma mochila térmica com GPS.” E nós, febris, pensamos “e agora, eu preciso de um brinde, e aquela colherzinha de café fazia cá um jeitaço! Por outro lado, a mochila é que era.” Quando nos decidimos finalmente a levar muito mais embalagens de gelado do que as necessárias, truflas, outra promoção: comprando apenas 6 iogurtes, levamos um copinho colorido. Mas o dilema, nós queremos toda a colecção de copinhos! E comprando apenas 36 embalagens de iogurte, ficamos com a colecção toda e DE BORLA!*
Quem nunca aproveitou uma borla que se denuncie. Eu ainda anteontem adquiri febrilmente 4 garrafas de água+chá para ter uma bela bolsinha. E que jeitosa que é!** ;)
*Esta promoção é verídica. ** OK, admito, *só* por acaso estou viciada nessa água+chá!
Ontem à tarde: - Sim, e para sobremesa, que podemos fazer? - Olha, só me me lembro daquela sobremesa com cogumelos, natas e palitos La Reine! - Ah, cogumelos, sim senhora... - Eu disse cogumelos? Queria dizer pêssego!
Se confundir cogumelos com pêssego não é um indicador claro de que as férias se aproximam, não sei o que será.
Porque é que eu insisto em fazer listas de compras, afazeres, tarefas e em escrever na agenda e depois nunca utilizo esses supostamente preciosos auxiliares de memória? Guardo as listas mentalmente e lembro-me constantemente delas (não de forma obsessiva, mas estão lá e pior, lembro-me delas quando é preciso!), ocupando assim uma parte do cérebro que poderia ser rentabilizada para algo mais proveitoso. Eu sei, é bom ter boa memória para algumas coisas, mas mesmo assim... resta-me fazer o enooorme sacrifício de comer queijo a ver se as listas se tornam úteis.
1. Cuspir para o chão 2. Não tomar banho 3. Não usar desodorizante 4. Não ir ao dentista e ignorar dentes amarelos e podres achando que dão um ar vivido 5. Ignorar qualquer atitude higiénica recomendável relativa ao cabelo e pavonear a oleosidade/secura/casposidade/etc. como se não houvesse amanhã (ou vários/todos em simultâneo)
Ainda não descolei do tema medieval. Mas é difícil, quando constatamos que afinal, a feira medieval é quando o homem e a mulher quiserem...
...músicas melodiosas. Na versão do Jeff Buckley, sff. E para ouvir até não poder mais. Lilac wine is sweet and heady where's my love? Lilac wine, I feel unsteady, where's my love? Listen to me, why is everything so hazy? Isn't that she, or am I just going crazy, dear? Lilac Wine, I feel unready for my love...
Ha! Queriam mais confissões existenciais! Agora chegou a minha vez de fazer inveja...e que tal um bolo de chocolate recheado de mousse a sair do forno, acompanhado por fruta laminada? :P
Descobri que não gostava de ter vivido na época medieval (ou então que ainda vivo e não gosto).
Alguém devia explicar às pessoas que lá por irem a uma feira “medieval”, não têm necessariamente de encarnar uma personagem medieval.
Cerca de 90% dos visitantes da feira a que fui este fim-de-semana pareciam ter regressado ao passado, pelo menos a julgar pelo odor corporal, pelos encontrões e calcadelas mesmo quando havia espaço de sobra, pela forma de comer as sandes que se vendiam na rua - de boca aberta e a deixar cair pedaços de carne gordurosa em toda a parte - pela maneira como falavam em altos berros ao telemóvel (tornando-o um objecto dispensável, já que os interlocutores iriam ouvi-los sem qualquer problema apenas por via aérea). O auge da feira foi uma conversa que ouvi entre dois homens dos seus trinta anos, um deles de muletas, ambos horrorosos e a tresandar, que iam a olhar de cima a baixo todas as mulheres que passavam e foram depois no encalço de duas jovens (uma delas não tinha mais de 15 anos):
-“Eix, olha-me estas duas! Não iam?” -“Quais, ah, estas! Atão num iam? Era já! Olé se iam! Ai ninas!” -“Vamos atrás delas, despacha-ti!”
Depois desta injecção de medieval, várias calcadelas e berros-lancinantes-supostamente-ao-telemóvel-ao-meu-ouvido depois, só me apetecia uma banheira perfumada cheia de flores e uma caixa de chocolates.
Não cheguei a concretizar o desejo em si (e a consciência do gasto de água que ele implicaria nunca me deixaria fazê-lo)*. Mas saí de lá com a certeza de que nasci na época certa.
And I know I'm gonna steal her eye She doesn't even know it's wrong And you know I'm gonna make her die Take her where her soul belongs Know I'm gonna steal her eye Nothing that I wouldn't try
Hey, my sun-eyed girl Hey, my sun-eyed girl My sun-eyed girl Hey, sun-eyed girl
Beck, Girl Há músicas que nos deixam bem-dispostos. É o caso desta do Sr. Beck, que não me canso de ouvir nem por nada!
Depois também há outras palavras que nos deixam bem-dispostos; obrigada pela referência, Maria Lua, e que essas férias cheguem cheias de sol e peixe e wild shopping sprees ;) beijinhos meus e da ou-Riça lá de baixo*
A ideia generalizada de que uma mulher gosta sempre de um bom piropo é parcialmente verdadeira.
Parcialmente porque na remota hipótese de o piropo ser bom, tem de haver um bom emissor para que o ciclo esteja completo.
Ora se o piropo já é francamente mau e depois o emissor é francamente feio, porco, gordo ou magro e mau, ou pior, quase tudo ao mesmo tempo, podemos dizer que perdeu uma óptima oportunidade para estar calado e fazer melhor figura.
*categoria na qual incluo grunhidos e latidos; sim, é para si, Sr. Gordo que nem um chibo da bomba de gasolina.
Sabem qual é a sensação de não querermos provar uma coisa porque cheira mal (quem nunca disse "sabe a lixívia" quando nunca bebeu lixívia)?
É que esta é uma afirmação do género: se alguém quer saber qual é a sensação de estar dentro duma máquina de secar roupa, basta sair à rua aqui no nosso cantinho à beira mar plantado.
A little old fashioned, and a little modern. A little traditional, and a little bit punk rock. A unique woman like you needs a city that offers everything. No wonder you and London will get along so well. What City Do You Belong in? Take This Quiz
Ontem saí de casa para escapar ao calor e dirigi-me a uma conhecida gelataria numa das margens do rio Douro (e que bonito estava ontem!). Estava apinhada, como era de esperar numa noite como a de ontem.
Como os funcionários eram poucos para tanta gente e ainda por cima não eram dos mais eficientes, havia um certo clima de guerra civil no local, pois nada nem ninguém pode deter a nossa ânsia de gelados (mas alguém consegue deixar de comer um gelado depois de pensar em comê-lo?).
Pessoas desejosas de gelados acotovelam-se no balcão, famílias numerosas debatem-se com a lista em busca da opção mais económica para toda a prole, clientes que querem fazer pedidos, clientes a reclamar por não terem recebido o que pediram, clientes que querem pagar.
Mas o que estava a acontecer de fora do comum tinha a ver com os pequenos papelinhos para escrever sugestões. É que toda a gente os ia buscar, obviamente, para reclamar. Quase não chegavam para as encomendas, tal era a fúria de reclamar por escrito, deixar registada a indignação por não se ter o ambicionado gelado o mais depressa possível.
Odeio areia dentro dos sapatos Odeio o ruído dos sacos a serem amassados Gosto de ouvir rádio Odeio acordar as pessoas Não gosto de me ver na maior parte das fotografias Gosto de ver a publicidade na TV (mas já não corro para a televisão só para a ver, como quando era pequena) Gosto de escrever, muito Gosto de afiar lápis Abomino couves de bruxelas Gosto do silêncio à noite e faço tudo para não fazer barulho quando já está alguém a dormir
Acho que posso dizer que acabou um ciclo da minha vida.
A minha irmã partiu a minha tesoura cor-de-laranja arredondada com olhos, que já tinha praí desde os seis anos. Depois de ir comigo para todo o lado, de cortar centenas de etiquetas de roupa, papel de lustro, recortes de jornal, de andar na boca de um dos antigos cães da minha avó (e de ser resgatada a tempo, em troca de uma bolacha), sucumbiu numa tarefa trivial.
Era velhinha. Mas cortou sempre aquilo que não interessava e interessava.
O meu porta-lápis nunca mais vai ser o mesmo. Nem eu.
Já perderam um objecto vital, daqueles de estimação de que se vão lembrar sempre? Então sabem do que falo.
"Ó menina, escolha-me aí um bolo bom!" Anónima num café.
Admiro a coragem da senhora. Noutro dia, confirmei que era impossível confiar assim na menina do café, pois ela assegurou-me que aquele sumo era "mesmo bom", dos melhores sumos, uma maravilha. Entusiasmei-me com a veemência da menina e truflas, pedi o sumo. Passados poucos momentos, estava intoxicada e agoniada a tentar consumir um sumo extremamente açucarado a saber a xarope.
Mas isso também pode ser porque eu sou esquisita... ou exigente ;)
Aposto que já tiveram más experiências no sector da restauração?
Excerto de entrevista a Matthew Herbert, Público, 29/07/2005 "- Recentemente, apresentou "Plat du Jour" ao vivo, na Casa da Música do Porto, onde pediu ao público para trincar maçãs. No fundo, não é um desperdício de comida? - Parti do princípio que iriam comer o resto... Fiquei desiludido porque as pessoas deram duas ou três dentadas e depois puseram-nas de lado. A ideia era alimentá-las e gravar. "
E eis que estamos em Agosto: o país em modo de pausa (sim, ainda mais notória) volta dentro de momentos.
Embora tenha férias daqui a duas semanas, não me importo de tentar trabalhar em Agosto. Demoro menos de metade do tempo a chegar aos destinos, há muito menos gente em todo o lado e há um sentimento de euforia geral pelas férias que foram há pouco tempo, que estão a ser ou que vão ser em breve.
Fala-se das viagens, da praia...e a minha avó insiste veementemente que daqui a nada, está aí o Natal :)