Qualquer semelhança com a cidade onde moro não é pura coincidência...acho que até consigo ver a minha toalha a secar! ;)
A minha casa algures no Google Maps
30/06/2005
Zai jian*
Hoje vou ter a última aula de chinês deste ano lectivo, que inclui uma demonstração de uma cerimónia de chá a rigor! Prometo que vos conto tudo amanhã...até lá, fiquem com uma informação importante: para os chineses, é um insulto oferecer um relógio, porque a expressão “oferecer um relógio” em chinês é parecida com outra que quer dizer que se deseja a morte...portanto tenham muito cuidado com as prendas que dão...watch out for what you give ;)
E para mais informações sobre o chá na China: Chinese-Tea.net
*até à vista
E para mais informações sobre o chá na China: Chinese-Tea.net
*até à vista
28/06/2005
Take
É o costume?
Passado algum tempo a trabalhar no mesmo local, deixamos de ter por onde variar nos passeios e nos lanches – principalmente quando esse local é relativamente pequeno e inserido numa zona industrial com matas e montes em redor. No princípio, lutava contra a frase “é o costume?” nos cafés que frequento, e bastava essa pergunta para me deixar de apetecer uma meia de leite e um pão com manteiga e passar a querer um sumo tropical e uma bola de berlim. Acho que cheguei inconscientemente a pedir coisas de que nem sequer gostava só para poder contrariar o temível “costume”.
Mas acreditem, ao fim de um certo tempo, quando já sabemos que o sumo tropical é demasiado doce, a bola de berlim é demasiado grande, as torradas têm sempre demasiada manteiga e o sumo de ananás sabe a mofo, convenhamos que há a tendência para instalar hábitos por já sabermos o que é bom ou mau.
Foi então que fiz uma descoberta importante: podemos usar o “costume” a nosso favor. Sim, podemos personalizar os pedidos ao ponto de já não ser preciso dizer “era uma meia de leite escura com leite frio e adoçante e um pão integral clarinho com pouca manteiga ligeiramente aquecido!”
Às vezes, o costume dá jeito. A quantidade de palavras que se poupam, o prazer das coisas quase a chegar à mesa mal entramos no café.
É deliciosamente preguiçoso.
Se não consegues vencê-los, junta-te a eles.
Mas acreditem, ao fim de um certo tempo, quando já sabemos que o sumo tropical é demasiado doce, a bola de berlim é demasiado grande, as torradas têm sempre demasiada manteiga e o sumo de ananás sabe a mofo, convenhamos que há a tendência para instalar hábitos por já sabermos o que é bom ou mau.
Foi então que fiz uma descoberta importante: podemos usar o “costume” a nosso favor. Sim, podemos personalizar os pedidos ao ponto de já não ser preciso dizer “era uma meia de leite escura com leite frio e adoçante e um pão integral clarinho com pouca manteiga ligeiramente aquecido!”
Às vezes, o costume dá jeito. A quantidade de palavras que se poupam, o prazer das coisas quase a chegar à mesa mal entramos no café.
É deliciosamente preguiçoso.
Se não consegues vencê-los, junta-te a eles.
24/06/2005
A necessidade de "encaixar"*...
...ou de como "os preconceitos não estão nas palavras, mas sim na cabeça das pessoas".
Uma das minhas professoras de filosofia da secundária repetia esta frase até à exaustão. E por menos que eu gostasse dela enquanto pessoa, tive sempre de reconhecer que nesta questão, tinha razão.
Até que ponto podemos (e temos legitimidade para) presumir coisas e tirar conclusões de palavras que não fomos nós a dizer/escrever? A fronteira entre a interpretação e a avaliação/julgamento é ténue. Depois, ainda há que considerar e aceitar o efeito que a nossa interpretação/avaliação tem no autor. Mais importante que isso, há que reconhecer a possível validade ou inutilidade das palavras. No fundo, saber como e quando comunicar.
Falar com outra pessoa nunca é o mesmo que falar sozinho (passe o estilo notoriamente Lili assumido da frase). Mas por incrível que pareça, ainda há muitas pessoas que não fazem esta distinção e outras que a fazem demasiadas vezes. É como saber quando se deve corrigir um erro ortográfico :) e quando é melhor estar calado. Claro que isto, sou só eu a interpretar as minhas próprias palavras.
*Leia-se também estereotipar ou presumir
comunicação
s. f., acto, efeito ou meio de comunicar; participação; aviso; informação; convivência; trato; lugar de passagem de um ponto para outro; comunhão (de bens); atribuição mútua das propriedades da natureza divina à natureza humana de Cristo.
Uma das minhas professoras de filosofia da secundária repetia esta frase até à exaustão. E por menos que eu gostasse dela enquanto pessoa, tive sempre de reconhecer que nesta questão, tinha razão.
Até que ponto podemos (e temos legitimidade para) presumir coisas e tirar conclusões de palavras que não fomos nós a dizer/escrever? A fronteira entre a interpretação e a avaliação/julgamento é ténue. Depois, ainda há que considerar e aceitar o efeito que a nossa interpretação/avaliação tem no autor. Mais importante que isso, há que reconhecer a possível validade ou inutilidade das palavras. No fundo, saber como e quando comunicar.
Falar com outra pessoa nunca é o mesmo que falar sozinho (passe o estilo notoriamente Lili assumido da frase). Mas por incrível que pareça, ainda há muitas pessoas que não fazem esta distinção e outras que a fazem demasiadas vezes. É como saber quando se deve corrigir um erro ortográfico :) e quando é melhor estar calado. Claro que isto, sou só eu a interpretar as minhas próprias palavras.
*Leia-se também estereotipar ou presumir
comunicação
s. f., acto, efeito ou meio de comunicar; participação; aviso; informação; convivência; trato; lugar de passagem de um ponto para outro; comunhão (de bens); atribuição mútua das propriedades da natureza divina à natureza humana de Cristo.
23/06/2005
S. João!
Na noite de S. João
Vou snifar um manjerico
Depois apanho um balão
E vou saltar num bailarico
A inspiração esvai-se,
A persistência manda a mão
Escrever tanto versinho
P'ra desejar bom S. João :)
Vou snifar um manjerico
Depois apanho um balão
E vou saltar num bailarico
A inspiração esvai-se,
A persistência manda a mão
Escrever tanto versinho
P'ra desejar bom S. João :)
22/06/2005
A vida em mono
Nós portugueses temos tendência para ter um tom de voz monocórdico (uns mais, outros menos, obviamente, mas a essência está lá e é inegável).
Para compensar a homogeneidade tonal, utilizamos o volume; vai daí, quando queremos argumentar ou debater, toca a projectar a voz para níveis ultra-sónicos em vez de apostarmos na subtil entoação para marcar a nossa posição. Ainda por cima, quando há pessoas que realmente apostam na entoação, têm o azar de soar extremamente teatrais a la Morangos com Açúcar (conhecida telenovela, para os mais desatentos aos temíveis fins de tarde da televisão nacional). OK, mais uma vez, há casos de sucesso (em número ínfimo).
Vem isto a propósito de uma senhora que frequenta habitualmente uma das salas do local onde trabalho, que tem com toda a certeza um dos tons de voz mais monocórdicos do mundo. Com a agravante de evidenciar também aquele descontrolo tonal que provoca os picos de voz repentinos e retira toda a credibilidade às ideias. O resultado é um cruzamento entre um violino desafinado, o som de uma colher a rapar um tacho de ferro fundido e comprimidos para dormir, tal é a monotonia do tom (que contrasta com os súbitos picos, espelhando a contradição latente). Memorável.
Para compensar a homogeneidade tonal, utilizamos o volume; vai daí, quando queremos argumentar ou debater, toca a projectar a voz para níveis ultra-sónicos em vez de apostarmos na subtil entoação para marcar a nossa posição. Ainda por cima, quando há pessoas que realmente apostam na entoação, têm o azar de soar extremamente teatrais a la Morangos com Açúcar (conhecida telenovela, para os mais desatentos aos temíveis fins de tarde da televisão nacional). OK, mais uma vez, há casos de sucesso (em número ínfimo).
Vem isto a propósito de uma senhora que frequenta habitualmente uma das salas do local onde trabalho, que tem com toda a certeza um dos tons de voz mais monocórdicos do mundo. Com a agravante de evidenciar também aquele descontrolo tonal que provoca os picos de voz repentinos e retira toda a credibilidade às ideias. O resultado é um cruzamento entre um violino desafinado, o som de uma colher a rapar um tacho de ferro fundido e comprimidos para dormir, tal é a monotonia do tom (que contrasta com os súbitos picos, espelhando a contradição latente). Memorável.
Work, work, work...
Ora cá está uma rara oportunidade de escrever "Parabéns!" em trabalho, e com ponto de exclamação e tudo - seguramente o sinal de pontuação que menos utilizo em trabalho.
E também uma oportunidade para vocês verem o meu fabuloso ambiente de trabalho quase diário (e sim, há outros programas igualmente interessantes do ponto de vista visual, mas incalculavelmente úteis...).
Volto já :)
21/06/2005
17/06/2005
Alerta verde em jeito de quadra sanjoanina
Ó meu rico fim-de-semana
Fim-de-semana iminente,
Vem aí o S. João
Não caibo em mim de contente!
Divirtam-se :)
Fim-de-semana iminente,
Vem aí o S. João
Não caibo em mim de contente!
Divirtam-se :)
16/06/2005
Ni hao! Wo shi hanyu xuesheng :)
Uma amostra grátis da língua mais falada no mundo...entre cujos falantes, infelizmente, ainda não me incluo. Mas calculo que nos próximos 50 anos consiga aprender as frases básicas!
15/06/2005
As palavras não se gastam
Gastam-se os olhos de as ler, o corpo de as sentir e escrever, os neurónios de as unir e separar, eliminar, transformar, fixar para depois anular tudo e começar de novo.
As palavras desgastam.
E permanecem.
E depois destas considerações que sinto hoje na pele, eis-me de volta :)
Sim, andei afastada. Decidi testar eu própria os efeitos da hibernação na Primavera, por isso andei temporariamente afastada do mundo e da vida, numa tentativa de auto-regeneração celular e cósmica que me iria proporcionar benesses inimagináveis.
Resultados concretos verificados: a hibernação não é para mim.
E além disso tinha saudades de toda a gente, e minhas.
Se isto tudo soou muito estranho, passo a traduzir: andei a traduzir [um livro]; logo, perto das palavras, mas longe de tudo o resto :)
Agora já estou aqui.
As palavras desgastam.
E permanecem.
E depois destas considerações que sinto hoje na pele, eis-me de volta :)
Sim, andei afastada. Decidi testar eu própria os efeitos da hibernação na Primavera, por isso andei temporariamente afastada do mundo e da vida, numa tentativa de auto-regeneração celular e cósmica que me iria proporcionar benesses inimagináveis.
Resultados concretos verificados: a hibernação não é para mim.
E além disso tinha saudades de toda a gente, e minhas.
Se isto tudo soou muito estranho, passo a traduzir: andei a traduzir [um livro]; logo, perto das palavras, mas longe de tudo o resto :)
Agora já estou aqui.
13/06/2005
Urgentemente
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade
Tive de decorar este poema na escola primária, até hoje.
Constatei que a maior parte do mundo devia decorar este poema.
Cheguei à conclusão que mesmo que toda a gente o decorasse, não o ia pôr em prática.
Quem o faz, já o sabe de cor, secalhar por outras palavras :)
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade
Tive de decorar este poema na escola primária, até hoje.
Constatei que a maior parte do mundo devia decorar este poema.
Cheguei à conclusão que mesmo que toda a gente o decorasse, não o ia pôr em prática.
Quem o faz, já o sabe de cor, secalhar por outras palavras :)
10/06/2005
05/06/2005
Os bibelôs nunca nos desiludem
Houve uma época em que toda a gente tinha bibelôs por toda a parte. Hoje isso já não acontece em tão grande escala, mas ainda persistem bibelôs que se tornam uma companhia diária, pois mesmo que não queiramos, eles estão lá para nós – especialmente quando não controlamos totalmente as escolhas decorativas do local onde vivemos. Ele é pessoas, animaizinhos, anjinhos, chaveninhas, caixinhas, dedaizinhos, pratinhos, frutinhas, florinhas, cestinhas, enfim, tudo serve para adornar cada milímetro de espaço livre das casas. Hoje em dia, e apesar de haver mais algum espaço livre – minimalismo oblige – muitos bibelôs povoam ainda a típica casa portuguesa.
Mas o que me leva realmente a falar de bibelôs é o tipo de bibelô que mais me faz espécie: animais vestidos.
Recentemente confrontada com a presença de um novo bibelô-coelho cá em casa, que até tem um ar relativamente amistoso e ostenta um bem-disposto sorriso, reparei que ele enverga uma t-shirt e um macacão very retro (e atenção, toda a vestimenta está cuidadosamente coordenada do ponto de vista cromático, com o cuidado acrescido de este coelho ser fashion q.b., pois os tons do vestuário oscilam entre o caqui e o castanho). Se tudo parasse por aqui, estávamos conversados, mas além da vestimenta cuidada e do ar feliz, este coelho está sentado numa confortável posição de pernas cruzadas, qual yôgi, e agarrado a uma cenoura gigante.
Palavras para quê, amigos, rendo-me a toda a vasta equipa de criativos que produziu este coelho, pois dei comigo a querer que ele falasse. Mal me explicasse o porquê da cenoura gigante, acho que podíamos ser grandes amigos.
Por enquanto, vou-me limitar a retribuir o sorriso quando passar por ele. E cheguei à conclusão que os bibelôs existem para nos ensinar que há sorrisos que estão sempre lá para nós :)
Mas o que me leva realmente a falar de bibelôs é o tipo de bibelô que mais me faz espécie: animais vestidos.
Recentemente confrontada com a presença de um novo bibelô-coelho cá em casa, que até tem um ar relativamente amistoso e ostenta um bem-disposto sorriso, reparei que ele enverga uma t-shirt e um macacão very retro (e atenção, toda a vestimenta está cuidadosamente coordenada do ponto de vista cromático, com o cuidado acrescido de este coelho ser fashion q.b., pois os tons do vestuário oscilam entre o caqui e o castanho). Se tudo parasse por aqui, estávamos conversados, mas além da vestimenta cuidada e do ar feliz, este coelho está sentado numa confortável posição de pernas cruzadas, qual yôgi, e agarrado a uma cenoura gigante.
Palavras para quê, amigos, rendo-me a toda a vasta equipa de criativos que produziu este coelho, pois dei comigo a querer que ele falasse. Mal me explicasse o porquê da cenoura gigante, acho que podíamos ser grandes amigos.
Por enquanto, vou-me limitar a retribuir o sorriso quando passar por ele. E cheguei à conclusão que os bibelôs existem para nos ensinar que há sorrisos que estão sempre lá para nós :)
04/06/2005
Tardio
Desde pequena que não gosto de ruídos. Não são todos os ruídos, são só aqueles persistentes, irritantes; resumindo, não gosto de ruídos que não gosto de ouvir, não é que isso explique alguma coisa, mas a esta hora pouco se explica :)
Por isso as melhores horas do dia, ou da noite, são estas, as horas em que o mundo está silencioso e tudo se ouve e o frigorífico é ensurdecedor e até ouvimos ruídos longínquos que nos fazem pensar no que se passa lá fora, quando toda a gente dorme.
É aí que vamos dormir também.
Bom fim-de-semana.
Por isso as melhores horas do dia, ou da noite, são estas, as horas em que o mundo está silencioso e tudo se ouve e o frigorífico é ensurdecedor e até ouvimos ruídos longínquos que nos fazem pensar no que se passa lá fora, quando toda a gente dorme.
É aí que vamos dormir também.
Bom fim-de-semana.
02/06/2005
"É fresquinho?"
Na esteira da rubrica “...do mundo”, esta é com toda a certeza uma das perguntas mais inúteis do mundo.
Sendo especialmente aplicável a produtos comestíveis, ao comprar um bolo ou pão, damos connosco a perguntar “É fresquinho?” – questão esta que, para além de ridiculamente inútil, é um dos sinais de que estamos a ficar intrinsecamente velhinhos (nenhum jovem se preocupa se é fresquinho ou não, pois tem bons dentes para aguentar qualquer sêmea inesperadamente recessa).
Um dos meus objectivos ao fazer, ocasionalmente, esta pergunta, é esperar encontrar um dia alguém sincero, alguém que me diga sem hesitar: [ler com cerrada pronúncia da beira interior] “Não, menina, não só não é nada fresquinho, como o comprei a semana passada numa padaria ali prós lados de Vila Real de Santo António; já ia direitinho para a secção de restos aspirantes a broas de mel, tinha bolor e bicho, mas raspei tudo bem raspadinho, lavei, deixei ao ar, pus côco e ovos moles por cima e tento impingir a quem não me fizer essa temível pergunta!”.
Mas a humanidade simplifica: “Sim, menina, é do mais fresquinho que há!”, com um ar extremamente ofendido por termos perguntado. E nós, eternos inocentes, acreditamos e compramos.
Sendo especialmente aplicável a produtos comestíveis, ao comprar um bolo ou pão, damos connosco a perguntar “É fresquinho?” – questão esta que, para além de ridiculamente inútil, é um dos sinais de que estamos a ficar intrinsecamente velhinhos (nenhum jovem se preocupa se é fresquinho ou não, pois tem bons dentes para aguentar qualquer sêmea inesperadamente recessa).
Um dos meus objectivos ao fazer, ocasionalmente, esta pergunta, é esperar encontrar um dia alguém sincero, alguém que me diga sem hesitar: [ler com cerrada pronúncia da beira interior] “Não, menina, não só não é nada fresquinho, como o comprei a semana passada numa padaria ali prós lados de Vila Real de Santo António; já ia direitinho para a secção de restos aspirantes a broas de mel, tinha bolor e bicho, mas raspei tudo bem raspadinho, lavei, deixei ao ar, pus côco e ovos moles por cima e tento impingir a quem não me fizer essa temível pergunta!”.
Mas a humanidade simplifica: “Sim, menina, é do mais fresquinho que há!”, com um ar extremamente ofendido por termos perguntado. E nós, eternos inocentes, acreditamos e compramos.
"What if everything is an illusion and nothing exists?
In that case, I definitely overpaid for my carpet."
Woody Allen/QuotationsPage.com
01/06/2005
Os cães da vizinha
Eu gosto de cães. São geralmente simpáticos, afagáveis, brincalhões e fôfinhos.
Os únicos cães do mundo de que eu não gosto até agora são os da minha vizinha do lado. À vista desarmada, parecem dois rafeirinhos inofensivos, balofos e com sérias dificuldades de locomoção devido à vida fisicamente sedentária.
Mas as respectivas gargantas, senhores, que poderio vocal. Fustigando toda a vizinhança do alto do seu terraço, sentem-se donos do mundo.
Cheguei à conclusão de que um dos cães, decididamente o guru espiritual do outro, é filósofo. Ladra a tudo: a quem passa, aos ruídos, aos pássaros, aos outros cães, ladra a toda a hora, principalmente quando está toda a gente da vizinhança em sua casa, excepto...os próprios donos dos cães. O outro lá lança o seu latido menos portentoso, para mostrar que também manda o seu bitaite. Qual dupla Sócrates/Platão, andam sempre juntos a filosofar, um mais activo, outro mais caladinho e surrelfa (com certeza irá ainda publicar vários livros com os ensinamentos do mestre ladrador, arrecadando rios de dinheiro à custa do outro).
Nos momentos mais filosóficos do canídeo, apetecia-me oferecer-lhe uma generosa taça de cicuta. Mas a minha natureza genericamente pacifista manda-me pôr a música mais alta e esperar que ele se canse.
Os únicos cães do mundo de que eu não gosto até agora são os da minha vizinha do lado. À vista desarmada, parecem dois rafeirinhos inofensivos, balofos e com sérias dificuldades de locomoção devido à vida fisicamente sedentária.
Mas as respectivas gargantas, senhores, que poderio vocal. Fustigando toda a vizinhança do alto do seu terraço, sentem-se donos do mundo.
Cheguei à conclusão de que um dos cães, decididamente o guru espiritual do outro, é filósofo. Ladra a tudo: a quem passa, aos ruídos, aos pássaros, aos outros cães, ladra a toda a hora, principalmente quando está toda a gente da vizinhança em sua casa, excepto...os próprios donos dos cães. O outro lá lança o seu latido menos portentoso, para mostrar que também manda o seu bitaite. Qual dupla Sócrates/Platão, andam sempre juntos a filosofar, um mais activo, outro mais caladinho e surrelfa (com certeza irá ainda publicar vários livros com os ensinamentos do mestre ladrador, arrecadando rios de dinheiro à custa do outro).
Nos momentos mais filosóficos do canídeo, apetecia-me oferecer-lhe uma generosa taça de cicuta. Mas a minha natureza genericamente pacifista manda-me pôr a música mais alta e esperar que ele se canse.
Subscrever:
Mensagens (Atom)