28/06/2005

É o costume?

Passado algum tempo a trabalhar no mesmo local, deixamos de ter por onde variar nos passeios e nos lanches – principalmente quando esse local é relativamente pequeno e inserido numa zona industrial com matas e montes em redor. No princípio, lutava contra a frase “é o costume?” nos cafés que frequento, e bastava essa pergunta para me deixar de apetecer uma meia de leite e um pão com manteiga e passar a querer um sumo tropical e uma bola de berlim. Acho que cheguei inconscientemente a pedir coisas de que nem sequer gostava só para poder contrariar o temível “costume”.

Mas acreditem, ao fim de um certo tempo, quando já sabemos que o sumo tropical é demasiado doce, a bola de berlim é demasiado grande, as torradas têm sempre demasiada manteiga e o sumo de ananás sabe a mofo, convenhamos que há a tendência para instalar hábitos por já sabermos o que é bom ou mau.

Foi então que fiz uma descoberta importante: podemos usar o “costume” a nosso favor. Sim, podemos personalizar os pedidos ao ponto de já não ser preciso dizer “era uma meia de leite escura com leite frio e adoçante e um pão integral clarinho com pouca manteiga ligeiramente aquecido!”

Às vezes, o costume dá jeito. A quantidade de palavras que se poupam, o prazer das coisas quase a chegar à mesa mal entramos no café.
É deliciosamente preguiçoso.

Se não consegues vencê-los, junta-te a eles.

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