02/06/2005

"É fresquinho?"

Na esteira da rubrica “...do mundo”, esta é com toda a certeza uma das perguntas mais inúteis do mundo.

Sendo especialmente aplicável a produtos comestíveis, ao comprar um bolo ou pão, damos connosco a perguntar “É fresquinho?” – questão esta que, para além de ridiculamente inútil, é um dos sinais de que estamos a ficar intrinsecamente velhinhos (nenhum jovem se preocupa se é fresquinho ou não, pois tem bons dentes para aguentar qualquer sêmea inesperadamente recessa).

Um dos meus objectivos ao fazer, ocasionalmente, esta pergunta, é esperar encontrar um dia alguém sincero, alguém que me diga sem hesitar: [ler com cerrada pronúncia da beira interior] “Não, menina, não só não é nada fresquinho, como o comprei a semana passada numa padaria ali prós lados de Vila Real de Santo António; já ia direitinho para a secção de restos aspirantes a broas de mel, tinha bolor e bicho, mas raspei tudo bem raspadinho, lavei, deixei ao ar, pus côco e ovos moles por cima e tento impingir a quem não me fizer essa temível pergunta!”.

Mas a humanidade simplifica: “Sim, menina, é do mais fresquinho que há!”, com um ar extremamente ofendido por termos perguntado. E nós, eternos inocentes, acreditamos e compramos.

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