31/10/2006

Todos falamos chinês III

Esta crónica também se podia chamar "de como eu odeio os restaurantes com a mania que são chiques com empregados também com a mania de que sabem tudo".

"EMENTA
(...)
PRATOS VEGETARIANOS
Beringela recheada com não sei quê
Risotto de funghi porcini"

Eu - Queria a beringela.
Empregado - OK.
[Passa-se algum tempo]
Empregado - Peço desculpa, mas não temos beringela!
Eu - Pois, mas eu não gosto desses cogumelos...
Empregado [ar escandalizado] - Cogumelos?! Quais cogumelos?!!
Eu - Esse tipo de cogumelos, os porcini!
Empregado [ar de quem aprendeu isso agora] - Ah...então deixe cá ver. Temos o salmão com não sei quê!
Eu - Pois, mas eu queria um prato vegetariano.
Empregado - Ah! Então já sei, a pasta nera com SALMÃO! [Ar glorioso!]
Eu - Bem, eu vou-lhe explicar. Vegetariano não come carne nem peixe!
Empregado - Ah...
Eu - Pronto, eu como o arroz...mas não devo gostar.
Empregado [ar escandalizado] - Arroz?! O arroz de pato?! [sim, constava do menu]
Eu - Não, o risotto de cogumelos!!
Empregado - Ah...OK.

Parecia uma conversa de maluquinhos, garanto. E pior que não saber determinadas coisas gastronómicas que nem todos temos de saber, é trabalhar num restaurante e mesmo assim não saber determinadas coisas gastronómicas que um colaborador devia obrigatoriamente saber (ainda por cima, a ementa tinha uns 6 pratos). Para piorar as coisas, confirmei que realmente não sou fã de funghi porcini; e o arroz estava verdadeiramente intragável. Para piorar ainda mais as coisas, a brincadeira não saiu propriamente barata. Enfim. Resta-me o consolo de nunca mais pôr lá os meus delicados pezinhos!

30/10/2006

Perspectivas dum fim-de-semana

As mudanças de perspectiva são benéficas e podem ser muito positivas, principalmente quando quem gosta de nós nos dá força e ânimo para considerarmos determinadas hipóteses sem medos que acreditamos ter. Independentemente do que vier a acontecer num futuro relativamente próximo, há que pôr as coisas em perspectiva; e isso, por si só, pode mudar tanta coisa...

É muito mais confortável pensar que não gostaria de algumas mudanças; pensar que prefiro não escolher algumas opções só por ser muito mais fácil nem as considerar sequer. E é reconfortante descobrir que afinal, não tenho assim tanto medo de mim própria, das minhas escolhas e das mudanças que elas representam.

Marie Antoinette



Um ponto de vista sobre o drama pessoal de Maria Antonieta, num filme bastante intenso e envolvente que retrata bem a criticada vida da [ainda mais criticada] rainha na corte francesa. Mesmo que seja só um ponto de vista com base numa única biografia e não nos conte a história toda, gostei muito do filme e recomendo :)

27/10/2006

Crónicas inúteis: das idas a eventos da moda

1. Objectivo: ver e ser visto
O público típico de eventos da moda é assim mesmo: vai lá para ver e/ou ser visto. Quem não vai lá para ser visto, tem de aproveitar a outra parte: ver. Nitidamente, o meu caso pessoal. E como já diz a minha avó, os olhinhos não são para comer sopas, portanto uma pessoa vai a eventos da moda e toca de estar com mil olhos a observar tudo. E é que há mesmo de tudo: VIPs que vão porque sim, tiaças vipíssimas excessivamente perfumadas que vão porque basicamente vão a tudo, gente da indústria que não tem outro remédio senão ir (quanto mais não seja, para falar mal e porcamente de tudo em geral), fotógrafos e repórteres que vão porque estão a trabalhar, pessoal com a mania que é fashion, curiosos e interessados.

2. Vestidos para matar?
No que toca aos trapinhos do pessoal, vê-se de tudo. Aqueles que vão vestidos para matar porque maravilham os restantes, e aqueles que vão vestidos para matar os restantes...provocando-lhes um ataque cardíaco. Há muita gente que ainda não percebeu que o que está na moda não fica necessariamente bem a todos.

3. Corta, tesourinha, corta, corta, corta...
O saldo da ida ao evento é positivo: os olhinhos arregalam-se com os paninhos (ou com a ausência deles, como fazia questão de evidenciar um senhor que só tirava fotografias às modelos que envergavam roupas extremamente transparentes) - e das duas, uma, ou é porque os paninhos valem a pena, ou porque reflectem um momento de insanidade do criador. A moda tem destas coisas: é o que vemos nela que conta ;)

Acorda!*


60 artistas, 120 músicas em formato mp3, mais de sete horas de nova música portuguesa numa colectânea cujos lucros revertem a favor do serviço de pediatria do IPO de Lisboa.

Não é preciso dizer mais, pois não? Toca a acordar e comprar :)

*Mais informações aqui.

26/10/2006

Mofo ou bafio, eis a questão

Num dos meus trajectos quase diários, passo por uma papelaria muito… peculiar. Existe há anos, sempre no mesmo local. Podia ser uma papelaria comum, mas não é. Há algo que a torna especial: o cheiro.

Ora este cheiro até podia ser agradável, mas…não é. Mesmo quando a papelaria está fechada, o odor persiste e emana pelas frinchas, lembrando aos transeuntes a presença da dita loja. Secalhar até é uma boa estratégia publicitária, para quem gostar de maus cheiros intensos... é que o cheiro é nada mais, nada menos que um potente e vigoroso odor a mofo (bafio?).

E agora perguntam vocês, porque é que o dono de uma papelaria deixa que ela fique a cheirar ao tão pouco apelativo mofo? Não sei. Consigo imaginar, sim, o porquê dela cheirar a mofo. O sítio nunca viu uma remodelação, um arranjinho que fosse, e está cheio de humidade e pó; há artigos que estão no mesmo sítio desde que a papelaria abriu, num ano ido do século passado - jogos com caixas descoloradas, livros com humidade, artigos perdidos no meio de camadas e camadas de pó, impressos que não se usam há décadas. Nem os donos e funcionários devem saber o que por lá há. Para além disso, o espaço está tão atafulhado e (aparentemente?) desorganizado que mal se consegue andar. Possivelmente, subsistem vários ecossistemas raros naquele ambiente, entre traças, bichezas do papel e outra fauna característica de papelarias. Como se tudo isto não bastasse, abrem e fecham às horas que querem. Ou seja, atingiram um nível de desleixo quase impensável num estabelecimento comercial.

O mais estranho nisto tudo? As pessoas fazem fila para lá ir, esperam pacientemente que abra, todos os dias. E esperam para ser atendidos, porque lá também não se prima pela rapidez. Um autêntico enigma, esta papelaria.

25/10/2006

E ainda dizem...

...que as flores não andam!

Não é que tenha sido um piropo muito original, mas até foi dos melhores que ouvi nos últimos tempos. Dito à chuva, no meio da rua, de manhã cedo e em altos berros, até que nem soou mal. A chuva não consegue pôr toda a gente mal-disposta :)

24/10/2006

Ai queria qualquer coisinha, era?

9h45, algures numa repartição das finanças…

- Bom dia, eu queria tirar o cartão de contribuinte e tenho aqui…

- Ah, nem pense nisso, não pode ser! Estamos sem sistema informático. Vá dar uma voltinha por aí, vá até ao café e volte mais tarde!

[Ouve-se aguaceiro torrencial lá fora.]

- Mas…

- Ó menina, sem sistema informático não posso fazer nada! Vai ter de voltar depois!

[Não, felizmente não se passou comigo. Só assisti e esbocei o meu sorriso solidário matinal número 2.]

23/10/2006

Sim, é possível I

Há aquelas coisas que não sabemos bem se são possíveis, tão simplesmente porque saber que são possíveis é daquelas coisas que não contribuem com quase nada para o que quer que seja. Pois bem, é com gosto que revelo aqui que sim, é possível descascar uma manga num avião. Utilizando uma faquinha metálica de avião, e sem efeitos secundários (nódoas, portanto). Como descobri? Descasquei uma, obviamente. Eu, que só não como as frutas com casca se esta for intragável; eu, que prefiro assumidamente as fast-frutas e que gosto tanto, tanto de cravar a pessoa mais querida e fôfinha que estiver ao meu lado para me descascar uma dada fruta, se for impossível comê-la com casca.

Alguém tem de descobrir estas coisas, não é? Boa semana :)

20/10/2006

Todos falamos chinês II

Quando temos de dizer muitas vezes era uma piadaagora estou a falar a sérioagora já era para rir...não, claro não vou mesmo comprar essa camisola!, sabemos que não temos grandes possibilidades de alguma vez nos entendermos realmente com essa pessoa.

Por outro lado, há
pessoas que nos conseguem traduzir sempre :)

Todos falamos chinês I

Por mais claros que tentemos ser e por mais explícitos que pensemos que somos, há sempre alguém que não compreende ou que compreende…tudo ao contrário.

A - Gostaria de reservar X, Y e Z, blá blá blá, agradeço confirmação.

[Passam-se dois dias]

A - Reenvio o pedido anterior, pois não tive resposta, queria reservar X, Y e Z.

[Passa-se mais um dia]

B - Pedimos desculpa pela demora. Informamo-la de que já dispomos de J.

A - ??!

19/10/2006

Efeito borboleta*

Ontem, como não me bastava ainda ter apanhado uma violenta molha e ter sido atacada pelo guarda-chuva, fui ao dentista. Não, não apanhei mais molhas. Ao contrário do que até seria previsível, consegui esgueirar-me por entre locais abrigados e andar a céu aberto só em períodos sem chuva; uma técnica que gosto de utilizar, mas que falha redondamente muitas e muitas vezes. Adiante.

Intriga-me o porquê do meu dentista dissertar enquanto trata dos dentes; pior, ele espera respostas. Pôs-se a falar da teoria do caos e da sua aplicação à situação política. Ora estando uma pessoa parcialmente anestesiada, com um aspirador e vários outros elementos metálicos na boca – todos ruidosos q.b., torna-se difícil emitir algum ruído perceptível que não soe ridículo, que fará manter um diálogo. É de mim, ou não há assim grande liberdade de expressão no dentista?

*Mais informações aqui.

18/10/2006

A chuva em três actos e epílogo

Acto primeiro. Decido confiar que o meu guarda-chuva é resistente e leal. Erro. Rajada de vento transforma o meu guarda-chuva num ser amorfo e mutante em apenas milésimos de segundo.

Acto segundo. Guarda-chuva semi-esfrangalhado ganha vida própria quando decido fechá-lo e desfere um brutal golpe contra o meu dedo mindinho. Dedo mindinho incha e eu só não uivo de dor a meio da rua por ser ridículo deixar-me afectar por algo tão insignificante como um dedo mindinho.

Acto terceiro. Decido abrigar-me o mais possível durante o percurso até casa para evitar que a molha certa seja o descalabro total. Tarefa revela-se possível, mas inglória; ou seja, a molha é certa, sim, mas o descalabro é total na mesma apesar dos meus esforços para me abrigar.

Epílogo. Passarei a tarde a lamentar o sofrimento atroz do meu dedo mindinho e a repetir para mim mesma andar a pé é saudável e ecológico, andar a pé faz bem. Bolas, pá, não há mesmo verdades universais e vamos sempre descobri-lo da pior forma.

17/10/2006

Primeiro estranha-se, depois…

…continua-se a estranhar?!

Há sempre momentos em que um determinado produto comestível se vê muito e de repente toda a gente decide prová-lo e grande parte dessas pessoas ficam fãs e/ou viciam-se nele. Outras odeiam-no, secreta ou publicamente. Quem não gosta chega a sentir alguma mágoa por não gostar, porque afinal das contas, não gosta de um produto comestível que todos parecem amar e idolatrar. Mas não há nada a fazer: há coisas de que não conseguimos gostar, e eu tenho de revelar um dos produtos de que não consigo gostar: é oval, é feito com mais leite e menos cacau e tem um brinquedo lá dentro. O nome dele, caso ainda não tenham adivinhado, começa por k, acaba em r e tem inde no meio.

Muito em voga durante anos e ainda com inúmeros fãs incondicionais, este produto oval fazia (e faz) as delícias de miúdos e graúdos. Pelo chocolate, pelo brinquedo ou por ambos, muitos gostam dele. Quanto a mim, obviamente que o experimentei, inclusive várias vezes para me certificar de que não me fiava só nas primeiras impressões, sim, eu conseguiria aprender a gostar daquilo, mas oh! Azar dos azares, não gostei e nunca aprendi a gostar. Pior ainda, odiei-o desde sempre. E pior do pior, achei-o intragável ao ponto de nem o brinquedo me convencer a comer o que o envolvia. Um verdadeiro drama infantil, não ter acesso fácil a apelativos brinquedos minúsculos. Hoje em dia, sem o apelo do brinquedo, é muito mais fácil não gostar do ovo mais famoso do mundo e voltar-lhe a cara com um sonoro umpf!

E vocês, lembram-se de algum produto de que até tinham/têm uma certa pena de não gostar?

16/10/2006

Dos dilemas

Poder escolher é bom. Pena que nem sempre as escolhas que se nos proporcionam são as que realmente queremos fazer. É que o pior de ter de escolher é que temos também de não escolher qualquer coisa.
Boa semana!

14/10/2006

Parabéns!


Porque há amigos assim, que merecem tudo e mais alguma coisa!
Um dia muito achocolatado, especialmente para
ti, minha querida :)

13/10/2006

Acalmia

Profissionalmente, sei que o que faço hoje em dia é aquilo que gosto de fazer (ou uma das coisas que gosto de fazer). No entanto, fico triste ao constatar que apesar de me sentir realizada por fazer algo de que gosto na minha área laboral (sim, tenho alguma sorte nisso), não é isto que quero fazer e - decididamente - não é isto que me vai realizar plenamente. Muito menos nas condições que esta área me oferece e vai oferecer num futuro próximo. Preciso de mais e melhor, numa área que até tem muito potencial, mas que é totalmente esquecida, desmenosprezada, desvalorizada e cujos profissionais são os primeiros a demonstrar uma imensa falta de…profissionalismo. Ambição saudável. Brio, determinação, qualquer coisa. Obviamente que isto acontece em muitos outros sectores, mas cada um fala do que conhece - ainda por cima, tenho plena consciência de que as coisas não vão mudar tão cedo, muito por culpa dos próprios profissionais nos quais me incluo. Sim, tenho culpa e tenho culpa outra vez por não mudar efectivamente as coisas. Ou por não as querer mudar…

É natural que a desilusão venha ter connosco mais cedo ou mais tarde. E a desilusão em si não me assusta, nem sequer me entristece. Assusta-me mais concluir que para mim, seria muito melhor e muito mais fácil mudar de área do que tentar mudá-la a ela; e pior: chego à conclusão que secalhar não quero mudar a área tanto como me quero mudar a mim própria. Egoísmo, talvez. Ou tão simplesmente, bom senso. A ver vamos.

Bom fim-de-semana! O meu começa num tom pensativo :)

12/10/2006

Histórias das férias em poucas palavras

De como os pés nem sempre estão assentes no chão.


No país dos côcos...


...do mar...


...da comida deliciosa...


...e de nomes que nos fazem sorrir numa língua que também é nossa :)

11/10/2006

Regresso ao costume :)

Tem mesmo de ser, não é? Pois cá estou, mais o errortográfico.

Regressar custa só um bocadinho. Afinal de contas, regressamos por vontade própria ao costume que escolhemos para nós. Costume esse que felizmente nos permite fugas esporádicas. Portanto, e por melhores que sejam as fugas, não me queixo muito dos regressos. Porque há pessoas e coisas a que gostamos de regressar, ah pois há ;)