O meu carro teve de ir fazer uma visitinha à oficina para uma operação de rotina. Ora quando digo “operação de rotina”, é precisamente porque estou farta de ir fazer exactamente o mesmo a outros locais, há anos. Só que agora, como os locais habituais são bastante longe, experimentei ir a uma oficina aqui perto.
O velhinho mecânico que me veio atender tinha ar de avô simpático. E até foi simpático, (pelo menos até certo ponto da visita), apesar de me obrigar a falar a berrar por ser claramente meio surdo. Pois bem, o que se passa é que sendo eu gaja (ou seja, para a maioria dos mecânicos, ser gaja equivale a não perceber népias de automóveis), e neste local onde me encontro, gaja-que-não-tem-pronúncia-daqui, o velhinho achou por bem cobrar-me um real balúrdio pelo serviço. É uma opção, sim, está no direito dele.
[Pois bem, Sr. Velhinho, fique sabendo que para a mesma operação de rotina no futuro, não mais porei os meus delicados e sensuais pezinhos na sua oficina. Posso até ter ar de gaja (que sou), ter ar de quem não é daqui (que não sou) e ter ar de zero à esquerda em mecânica (até certo ponto, sou). Mas de otária, não tenho grande coisa. Passe benzinho, sim?]