Há pessoas que conhecemos ao longo da vida que têm uma capacidade intrínseca de nos levar ao quase-desespero. Há outras que, inevitavelmente, invocam o desespero total. Existem duas que não posso deixar de referir: a minha professora de saúde do 9º ano e o Sr. Mário da aula de italiano. Da professora, digo-vos apenas que um guarda-chuva, uma gabardina (do Cast. gabardina s. f., espécie de sobretudo, de fazenda impermeável; gabinardo; a própria fazenda > gostei da definição, em particular do sinónimo gabinardo, que tenciono passar a utilizar com frequência!), ou mesmo uma tenda fortemente impermeável, não vos salvariam de uma projecção interminável de perdigotos (do Lat. perdicottu, dim. de perdice, perdiz s. m., filho da perdiz; pop., salpico de saliva, ao falar> OK, prometo que não irei inserir mais definições deste utilíssimo Dicionário de Língua Portuguesa online http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx). Inacreditável. A senhora cuspia vigorosamente para cima de toda a turma, e a ordem alfabética que se impunha na disposição da sala fazia com que eu estivesse sempre nos lugares frontais. Não irei debruçar-me muito sobre este facto, pois já imaginam as temíveis consequências. A melhor posição da sala era, claro, junto à parede, do lado oposto às janelas, uma vez que em contraluz, ocorria um espectáculo de luz, som e cor de rara beleza; por vezes, chegava-se a ver o arco-íris. Os lugares junto à parede eram a cobiça de toda a turma.
Quanto ao Sr. Mário, era um reformado que frequentava as minhas aulas de italiano. Tinha o dom de complicar qualquer assunto e fazia perguntas até à exaustão, até que toda a turma tivesse uma extrema vontade de encetar qualquer acto violento contra o aparentemente simpático e bonacheirão reformado. Qualquer pormenor irrelevante era elevado à apoteose da complicadez, qualquer regra óbvia era contrariada e decepada sem dó nem piedade. Sr. Mário, eu sei que não me está a ler, mas gostava de lhe dizer que nunca tive aulas tão insuportáveis, nem mesmo as de algumas línguas que se falam melhor com uma batata quente na boca.
Tenho dito.
2 comentários:
Não posso deixar passar esta oportunidade para relembrar o meu professor de filosofia: Jaco Cruz. A certa altura da aula, João Daniel soltava uma gargalhada lancinante enquanto se fazia a leitura monocórdica de um manual de filosofia, Jaco levantava-se e, numa escrita hieroglífica, escrevia qualquer coisa como "pollus adem margaritas" (descobri mais tarde que a expressão correcta era "Noli proicere margaritas ante porcos").
Perguntava então retoricamente "Sabem o que esta frase em latim quer dizer?", e seguido de um silêncio sepulcral respondia: "É como dar pérolas a porcos". Que belas memórias!
Ao ler tão sentidos depoimentos, não pude deixar de pensar em quem me suscita tais sensações!
Posso salientar duas...uma do passado e uma do presente! Rosa (com seu namorado a tiracolo) e Victor Carvalho, respectivamente! A Rosa (ainda que detentora de tão simpático e perfumado nome) era a pessoa que me punha os nervos em franja na FLUP, mesmo antes de abrir a boca...E, como esquecer os seus momentos altos como "Bolachas integrais não engordam", ou "Vou ter que sair mais cedo da aula porque tenho que ir tomar banho"...mas, a minha preferida continua a ser "Posso ver? - pergunta ela; "NÃO" - respondo eu saboreando todas as letrinhas desta curta palavra! (isto após a dita ter mexido nas minhas coisas sem pedir autorização (coisa que adoooooooooooooooro!), de eu lhe ter arrancado as coisas da mão e dito "Na minha terra pede-se para ver!"....já estão a ver o resto, não?!)
No presente...bem, temos o rei dos cromos, o imperador da estupidez, o homem que "cansa um morto", Victor Carvalho de seu nome...meu...colega de trabalho....brgh!
É o expoente máximo da burrice!! Não há palavra para o descrever, nem pachorra para o aturar! Se houvesse óscar para a pessoa mais irritante ele seria um forte candidato...believe me!!
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