Na zona onde trabalho, estão finalmente a avançar as obras do metro. Por enquanto, deslocam-se e aplainam-se terras, dezenas de camiões, perfuradoras e retro-escavadoras andam dum lado para o outro, trabalhadores, topógrafos e assistentes não têm mãos a medir...uma azáfama cujos resultados só serão palpáveis/visíveis daqui a meses, mas que “bota fogo de bista”, como já ouvi alguém dizer.
Aqui muito perto, há uma ponte que passa por cima da futura linha do metro. Noutro dia, reparei que ocorreu uma transformação brutal na zona da ponte: uma potentíssima retro-escavadora deslocava quantidades imensas de terra - mas não julguem que era essa a transformação. O que aconteceu de realmente extraordinário foi a concentração/amontoado de dezenas de velhinhos e transeuntes, que se debruçam, acotovelam, inflamam os ânimos para ver, sentir e debater as obras, a técnica, a evolução, o traçado da linha, enfim, tudo o que rodeia as obras é avaliado e dissecado ao pormenor. Alguns, inclusive, tentam ajudar o operador com indicações preciosas – no meio de um ruído infernal, gritam, “mais para a direita/esquerda”, etc, informações sem as quais o operador nunca conseguiria desempenhar o seu trabalho.
Cheguei à conclusão possível de que temos uma costela de engenheiros (especialmente notória na população mais idosa); temos a necessidade imperativa de sentir construir alguma coisa e participar nela de alguma forma – nem que seja com a língua, sentirmo-nos úteis.
1 comentário:
Sabes...naquela idade só mesmo com a língua :D
(porco, eu sei...)
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