28/09/2005

Tolerância zero (matinal)

De manhã, acordo bem disposta, mas sem disposição para muitas perguntas e falatórios.
Geralmente, não falo com ninguém até chegar ao trabalho. Agora imaginem o que é vir trabalhar e ter alguém na mesma sala que dispara perguntas em todas as direcções, todas, e conta todas as histórias que não queremos ouvir àquela hora, com todos os pormenores que não queremos nem nunca vamos querer saber, mesmo a outras horas. A minha tendência é responder com monossílabos, manter a calma e tentar fazer perceber que não estou para aí virada (e acreditem, eu nisso sou bastante convincente). Mas qual quê. Não adianta. A coisa continua, e continua, e eu já tendo de escrever (trabalho!), ainda tenho de ouvir alguém a falar ao mesmo tempo de mil coisas que realmente não me interessam e a perguntar tudo e mais alguma coisa.

A arte não está só em conversar. A arte também está em saber quando estar calado. É por isso que com as pessoas com quem nos damos bem ou com quem realmente *comunicamos*, falamos também com o olhar, com as reacções, com as expressões faciais, com os gestos. Sabemos quando as palavras são acessórias.

Por isso, sou muito pouco tolerante com quem é impermeável aos outros e ao que lhe estão a tentar comunicar (sempre). Não há paciência nem boa vontade que resista.

9 comentários:

MIN disse...

Como eu te percebo!!!

Patsy Dear disse...

credo... só de ler a situação fiquei estafada...

izzolda disse...

Pois, patsy, imagina a situação praticamente todos os dias...é extenuante! :|

Poor disse...

olha, eu uma vez falei com os pés, tens que experimentar!:D

fernando lucas disse...

a palavra chave é "acting"...
quando o tema não é do nosso gosto, têm que fingir que estão interessados no assunto. mas as palavras entram por um ouvido e sai por outro.
o topo desse tipo de "paleio" são as velhinhas nas filas, seja de transportes, ou para o pão, ou mesmo na sala de espera do médico... xiiii (arrepio)

izzolda disse...

amie: ah, que boa ideia....se isso não deteriorasse o ambiente de trabalho...

manualdedeus: quando as coisas se passam na sala de trabalho é mais complicado ignorar. Eu tento pôr fones a ver se comunica que estou a IGNORAR deliberadamente, mas só resulta num tom de voz mais alto para eu ouvir! Não é uma questão de tema...muitas vezes, as perguntas são relativas ao trabalho, mas inúteis, e cujas respostas se encontram rapidamente *pensando* um bocadinho. Que é algo que muita gente não parece ser capaz de fazer...

Ana disse...

Eu confesso que recorro muitas vezes ao aceno de cabeça e ao "hmhm", mesmo quando não estou a ouvir rigorosamente nada do que a minha colega mais "contadeira" de histórias está a dizer....

Unknown disse...

sabes quando é que existe cumplicidade?

quando duas pessoas estão confortavelmente silenciosas.

pelo menos, eu sinto assim...

izzolda disse...

bandinho, não podia concordar mais!