11/08/2006

Das experiências

Há 5 anos - sim, já lá vão 5 anos e só hoje, quando ouvi que uma infeliz data próxima ia ser “comemorada” em breve, é que me dei conta de que já tinha passado tanto tempo - começava a acelerar os preparativos para os meses que ia viver no estrangeiro. Era algo que achava que tinha de experienciar: estar longe daqui, longe das pessoas de quem tanto gostava e gosto. Foi uma época valiosa, porque em poucas situações se avaliam e testam tão bem os nossos limites, as nossas incertezas e a nossa capacidade de adaptação como quando estamos relativamente sozinhos. Relativamente, porque fui com amigas; totalmente sozinha, não teria ido, confesso, mas também confesso que me senti sozinha muitas vezes - é inevitável, há demasiadas pessoas e coisas que nos fazem falta. Mas adiante.

Das recordações mais vivas que tenho dessa altura é que o primeiro dia e a primeira noite foram horríveis. Muita coisa correu mal assim que chegámos: o alojamento estava mal atribuído, passámos horas numa fila enorme à espera para o alterar e a burocracia era imensa (nada a que não estejamos habituados por cá…). Chegada finalmente ao local onde ia viver durante meses, foi a desilusão quase total. O quarto era minúsculo e não estava propriamente limpo nem era minimamente confortável, a mobília era horrorosa e as restantes instalações da casa deixavam bastante a desejar a muitos níveis. Bem, o primeiro impacto foi mesmo o pior possível. A primeira noite que lá passei foi a cereja em cima do bolo: muito mal dormida, com recriminações por ter decidido ir e tudo em mim a dizer-me para voltar.

Felizmente, nenhum momento da estadia foi tão mau como estes primeiros. Acabei por (ter de) me adaptar à situação o melhor possível e aprender a ver as coisas com outros olhos. Foi um desafio pessoal, eu contra mim própria, que me trouxe muitos outros desafios que consegui ultrapassar e que me fez viver tanta coisa, boa e menos boa. Aprendi muito. E aprendi que há experiências que temos mesmo de nos obrigar a ter, por nós próprios. Porque também aprendemos connosco.

5 comentários:

Mae Frenética disse...

Ao ler-te revi alguns dos meus sentimentos.
Eu tb fui para fora, mas fui totalmente sozinha, sem saber minimamente o q me esperava nem falava a língua!

Realmente, aprendemos os n/ limites e, principalmente, acho q aprendemos a conhecer-nos.

Foi uma experiência mto forte, mas eu não voltaria a repeti-la.
Não fui minimamente feliz nesses tempos.

Ana disse...

Não fui...e penso muitas vezes que é das coisas que mais me arrependo!!!

Quanto a ti...Estou feliz por ter-te de volta :)

Anónimo disse...

Ai...

Sooty And Aive disse...

Eu acabei por não fazer Erasmus, mas agora desforro-me e parto à aventura nas férias.

Da primeira vez que fui de férias sozinha, achei que, pelo menos, tinha de tentar. Não tinha férias há mais de dois anos e, quando eu pude finalmente tirar uns dias, já toda a gente tinha gozado as suas... Por isso, ou amuava ou ia.

Fui e soube bem :)

ana júlia disse...

Eu também fui e lembro-me do teu apoio constante antes e durante. Obrigada :) Foi das melhores experiências que tive...