Fase 1: A grandiosa chegada
O chamado bar da moda, ao qual não nos importamos nada de ir de vez em quando, é aquele bar a que toda a gente se lembra de ir de vez em quando. A parte dramática da coisa é quando o ‘de vez em quando’ de toda a gente é, catastroficamente, o mesmo que o nosso (felizmente, este foi numa ocasião especial de um aniversário :) Damo-nos conta à chegada, quando nos apercebemos de que encontrar um lugar para estacionar irá ser equivalente a querer acertar no totoloto assinalando apenas um número: altamente improvável (matemática das nossas vidas, a quanto obrigas!). Passando esta fase, temos a...
Fase 2: Gloriosa entrada em cena
Caso não façamos parte da restritíssima guest list (ai que finos e caturreiras que nós somos, repare que se não estiver na nossa listinha hiper-mega finex, não terá direito aos 65 mm de espaço ultra-chiquésimos reservados apenas a VIPíssimos giraços, ar puro totalmente não incluído), resta-nos entrar sem fazer parte dela. O que por acaso aconteceu sem mais delongas, caso contrário, restar-nos-ia sugerir ao amável porteiro uma visita de imersão ao vizinho rio Douro, para conhecer a sua simpática fauna de roedores (bem como a vida – ou a ausência de vida? – subaquática).
Fase 3: A não-tão-boa parte de estar lá dentro
No início, a coisa estava tolerável. Jinga-se para um lado e para o outro, dois dedos de conversa em altos berros, explorações ao espaço renovado (algum dele vedado por mais listinhas, agora virou moda nestes bares da moda?), uma bebidita a preços altamente não recomendáveis (tal como em quase todos os bares, que fará se estes são da moda). No entanto, a cada segundo que passa, chega mais e mais gente, há menos e menos ar, há mais e mais pessoas a andar de um lado para o outro, instalando-se então o clima de pré-guerra civil - um mix do clima de predisposição ao soco com o ambiente explosivo que se vive em alguns locais. Qualquer cotovelada que nos dêem é um apelo ao vigor bélico do nosso eu violento, qualquer calcadela inocente pode despertar a nossa recôndita ira interior. Principalmente para quem gosta pouco de invasões ao seu espaço vital. Valham-nos os sofás, quais tanques de guerra no meio de um campo de batalha.
Saliente-se ainda que lá por um sítio ser da moda, não quer dizer que as instalações sejam imaculadas. No melhor pano cai a nódoa, e mesmo num local tão VIPóchique e branco, as casas de banho podem ser poucas e – imagine-se! - ‘avariam’ como em todos os outros locais. Obviamente, querem transmitir-nos a profunda filosofia de que mesmo uma necessidade básica pode ser um luxo nestes locais chiques a valer. Filosofias avançadíssimas de bares da moda como este.
Fase 4: Ai queria pagar, era?!
Não, querer tão queria. Mas como querer nem sempre é poder, há que fazer fila. Uma fila bem à portuguesa, organizada, ordeira e sem tumultos nem bate-bocas. No espaço de cerca de uma hora, há que penar para regressar ao mundo cruel, ar puro semi-incluído [valham-nos os amigos].
Conclusão: haja paciência.
Inclusive para ler posts como este, pós-bares da moda. Uma verdadeira maçada :)
*relato pungente e dramatizado de uma saída nocturna.
8 comentários:
Pois que eu não conseguiria dizer isto tão bem, nem pela metade!!!
Eu estive lá, vi, vivi, respirei (ou não) cada momento...e, não tenciono voltar tão breve (seja da moda ou não!)
Mas, é como dizes, valha-nos os amigos e o resto que correu melhor :)
É mesmo isso tudo! E no entanto continuamos a ir...
nada como ir pa um sitío que não é moda, e ficar na treta até de manhã, sem confusão, apenas um música agradável...
mas confesso que duas ou três vezes no ano, ir para o meio do basqueiral tb sabe bem!!!
outra que foi ao bazaar!:D
erro, isso é sinal de velhice... estás tramada.
amie, publicidade gratuita nem pensar ;) Há muitos bares perto do rio! Eheh!
manualdedeus: que seja, não me importo nada. Mas olha que nunca gostei especialmente deste tipo de locais :)
Aqui está uma boa descrição...eu ainda não fui, mas também não conto ir (nunca se sabe ãh!) :)
Cada vez gosto mais do demode.
Kisses
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