Vejo mesmo pouca televisão. Mas admito: já não concebo a coisa com menos de 50 hipóteses, mesmo que nunca veja todos os canais e que existam alguns cujo interesse seja equivalente ou inferior ao despertado pelo perturbante dilema existencial do salmão azul. E até existem alguns com menos interesse ainda. Ao termos acesso a 50 [ou mais] canais, calamos eternamente o eterno lamento característico do síndroma dos quatro canais: ah, 4 canais, nunca dá nada de jeito, não se aguenta, a televisão portuguesa anda pela hora da morte, blá blá blá.
Apesar disto, admito também: a vida com 50 canais é igualmente difícil e desesperante. Passamos a viver o eterno drama da escolha, versão televisiva 2.0: e agora, vejo este excitante documentário sobre a ameaçadora caravela portuguesa ou um dos raros programas de música que passa neste canal supostamente musical? Para além de que nunca, nunca conseguimos estar a par da programação que nos interessa, sob pena de passarmos horas sem fim a analisar grelhas que não serão cumpridas. E culminamos novamente num lamento: 50 canais e rigorosamente nada para ver?! O meu rico dinheirinho a ir-se e eu a ver passar navios! Ou então: queria tanto *ter visto* aquilo!
Apesar disto, admito também: a vida com 50 canais é igualmente difícil e desesperante. Passamos a viver o eterno drama da escolha, versão televisiva 2.0: e agora, vejo este excitante documentário sobre a ameaçadora caravela portuguesa ou um dos raros programas de música que passa neste canal supostamente musical? Para além de que nunca, nunca conseguimos estar a par da programação que nos interessa, sob pena de passarmos horas sem fim a analisar grelhas que não serão cumpridas. E culminamos novamente num lamento: 50 canais e rigorosamente nada para ver?! O meu rico dinheirinho a ir-se e eu a ver passar navios! Ou então: queria tanto *ter visto* aquilo!
Muito provavelmente, nunca vamos estar satisfeitos com a televisão que vemos.
Eu pelo menos, raramente estou. Portanto, rejubilo com as pequenas grandes surpresas que a TV me oferece: por exemplo, a estreia de Calma, Larry! (Curb Your Enthusiasm) na dois! A isto, chama-se estar no sítio certo, à hora certa. Sensação que me agrada particularmente quando finalmente me decido a ver televisão.